Hoje senti-me ilhada dentro de mim. Na minha ilha
pessoal não consigo contato com ninguém, vivo ou morto. Aqui as
cores são opacas. Aqui o vento não faz barulho. Aqui a comida não
tem sabor.
Eu não gosto daqui, mas às vezes é preciso um retiro.
É uma paisagem triste, certamente, mas descansa a vista do brilho
da cidade. E meus olhos têm andado tão cansados que não vejo mais
com clareza. É tudo muito igual.
Acho que ando cansada da vida (que levo). Quando a vida
parece limbo, que outra solução a não ser retirar-se dela uns
dias, até a cor voltar. Mas o que mais me faz falta é sonhar. E faz
uns dias que eu não sonho com nada. São meus sonhos e somente eles
que me dão uma folga da aridez do cotidiano. Sem sonhos sinto-me uma
folha ao vento, sem nome e sem destino.
Talvez, por isso eu escreva tanto. Para manter em dia
meus sonhos, enxugá-los, refazê-los se necessário, pô-los sob
perspectiva. Escrevendo sobre os meus sonhos elimino o que não mais
me cabe e tenho outras ideias, talvez, mais inspiradas. Escrever
liberta a alma de sua prisão de carne e nos faz ver horizontes nunca
pensados (ou sonhados). Ponho meus sonhos no papel, espero que alguém
tenha a delicadeza de ler.
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